Comeres & beberes

Castelo Branco, anos 60

Lembras-te bem, concerteza. No nosso tempo, em Castelo Branco havia muitas tascas, algumas pastelarias (que poderiam ser frequentadas pelas meninas sem perderem casamento) e poucos restaurantes dignos desse nome. Enfim, nada que não fosse de estranhar numa cidadezinha do interior ostracizado. Agora, as tascas estão em extinção, as pastelarias nascem como os cogumelos depois da chuva e até já se vai comendo benzinho.. 
Começando pelas pastelarias. Havia duas: a Rosel, excelentes bolos e ambiente próprio para qualquer moçoila adolescente frequentar. As bolas de berlim, as maravilhas, os croissants, os pasteis de nata, o queque da Madeira (nunca o comi em qualquer outro lugar) as pirâmides - aqui ao lado dizem-me que era tudo delicioso. Mas os rapazes não procuravam tanto os bolos. Para nós, mais importante que os bolos era o ambiente boémio e de tertúlia estudantil da Belar. E havia, claro, o Hotel de Turismo que se a maluquice dos homens não fosse tamanha seria hoje um belo e bem sucedido hotel de charme. Aí, os bolos, comprávamos-los ao balcão e eram saboreados num banco da avenida. Os suspiros tinham muita saída... até porque eram leves e, por isso, sordiam muito.

... se tinham ! Certa vez, isto passou-se já no ano a seguir, que havia os que gostavam tanto tanto tanto do liceu que, unilateralmente, decidiram ficar mais um ano ( pelos bancos da avenida entenda-se). 
Pois, dizia o JC de suspiros e sonhos do Turismo, digo eu agora. para completar a coisa :
- estando nisso, no banco alarpadados, filosofando ele sobre aquele número da revista ÊXITO, lembrei-me eu das carências do açúcar. Vai daí, à porta lateral do Turismo, aquela por onde se entrava directamente para a pastelaria era um pulo.
Fui num pé e vim no outro, carregando na mão uma caixinha com 350 gramas dos ditos suspiros, há quem lhes chame sonhos, como queiram. E ali sentados, a ver quem passa, suspiro a mim, suspiro a ti, aviámos a caixa inteirinha. 
Resultado : eu, cá por mim, nunca mais comi suspiros na vida. 
E o JC ? Não sei. 
Tenho-me esquecido de lhe perguntar.


bom, rectifico : eras tu, era a Fátima, era a Manela e era eu. Eram 500 gramas de suspiros. Era naquele banco em frente aos actuais SMAS e foi no nosso primeiro sétimo ano, não foi no outro. Leva lá a bicicleta ! 

As tascas


  Ti ‘ Lurdes – agora um restaurante (Chez Armand) - Piso Risco – rua da Granja ( continua um must ao final da tarde. Hoje é mais para as mines que para o copo de vinho. Fizeram das obras, tem nova gerência. -Prejudicado – na rua do Relógio, à esquerda, nas portas verdes. Encerrada. O ti’António e a D. Rosária, ela excelente cozinheira. Vendia lampreia à posta. Nota: mesmo ao lado ficava o Jaquim dos Feijões, o Cara Queimada, que vendia sementes no mercado e tinha ali o estabelecimento. - Bráz – ao Espirito Santo, tinha duas entradas, entrava-se pelo largo ou pela travessa, era o poiso preferido dos mecânicos da Garagem S. Cristovão. - O 18– ao lado da Papelaria Semedo, quem vai para a Sé. Entrava-se por um corredor, a tasca ficava ao fundo. Tinha uma saída de emergência pelas traseiras. Comia-se o melhor lacão cozido da cidade. - O Avião – na Deveza, a Bolsa do Gado. Actualmente na Rua de S. António ( ainda mantém os petiscos, célebre o bacalhau frito e o avião cinzento pendurado no tecto. - Pinguim – passou a restaurante, desapareceu o Pinguim pintado atrás do balcão - Os Polícias– na 5 de Outubro ( excelentes as sandes de molho das iscas ) - Quinta Nova – na quinta do mesmo nome. Apenas serviam o vinho produzido na Quinta. Quem quisesse uma bucha levava de casa. Toda a área da quinta está hoje urbanizada. - Amoreirinha – na travessa do mesmo nome. Como tasca não era muito famosa mas havia 2 mesas de matraquilhos que funcionavam como OTL. - Camionetas – no largo das referidas. Tasca estreita, balcão à esquerda, corrido, cobertas por redes mosqueiras as travessas com vitualhas. Célebre pelas sandes de atum. 

 

- Tó Luis

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